Mudar não é
uma opção. É preciso! As coisas vão acontecendo e, a gente se vê obrigado a
estar em posições que antes não ficávamos. Na minha cabeça nunca pensei em ser
nada, eu sei, isso é triste. A estima que não existia em mim poderia arrancar
sorrisos e gargalhadas de cientistas. “Como assim você não quer ser nada na
vida?”. Em minha cabeça, ser eu já era o suficiente. É que eu não tinha
ambição, não era uma pessoa gananciosa. Não sabia que existia um mundo fora do
meu, entende? Mundo este, bem mais perigoso do qual eu vivia. Demorei algum
tempo até me contarem algumas realidades que determinadas idades, suportam
carregar. Não é maturidade, responsabilidade ou o fato de saber lidar com as
coisas, faz parte do desenvolvimento humano, entender que não vai funcionar
como antes. Nunca fui protegida de frustrações, pelo contrário, tentavam criar
um mundo mágico, mas não conseguiam. Eu entendia tão bem a bondade de preservar
minha ingenuidade, e alegria, que não tenho muito o que reclamar. Não vou fazer
a grata por tudo, reclamar também não é sinônimo de ingratidão. Será que o
sofrimento, a dor e o fato de calar, nos poupam e os anjos não escutam nossa
ingratidão? Às vezes, eu só queria dizer para Deus que dói, que não dá para
segurar as palavras, os pensamentos e que também, não posso me maltratar e
sentir culpada por estar doendo demais. Existe um estágio da dor ou questão de pressão
arterial mesmo, que leva o paciente ao desmaio. Quando isso não acontece, só
escutamos gritos de dor.
Não se engane
se me ver elegante, com perfil de séria e totalmente despreocupada, por dentro,
guardo notícias do passado, do futuro e do presente, mas também não prejulgue
o meu desalento e desleixo em relação a roupa. Você não me pegou em um momento
ruim, me pegou em um momento de estar presente, viva na vida. O fato de ser
quieta, de poucas palavras e parecer não saber se defender não diz nada sobre
mim, muito menos do meu caráter. Todo mundo tem uma história de vida, eu tenho
a minha e, é válido eu ser silêncio quando o mundo pede grito. Sempre, eu
sempre vou ser uma menina. Uma pequena garota. Não é para amaciar o coração de
quem lê, o mundo nos torna tão duros que nosso corpo enrijece também. Nos
mandam corrigir a postura, o andar, o falar, as roupas e tudo bem, faz pare. Até
você chegar em casa, fazer todo o percurso automático e não sentir o próprio
corpo. A rotina de trabalho ou preocupação sem trabalho, nos leva ao nível do estresse
que esquecemos a capacidade e o limite do nosso corpo, até ele mandar um sinal vermelho.
Mas eu sempre serei uma garota. Há valores e princípios e, de meus princípios eu
sei... Pelo menos até onde eu conseguir, porque até isso conseguem encontrar e destruir.
Ficar perdido no mundo em busca dos reais valores e princípios. A ética individual
de cada um, é a matéria que não é explicada na escola, quando ainda estamos
aprendendo. Por que temos que passar por situações que humilham e são
humilhantes? Isso é muito complicado. É complicado ser para o outro felicidade,
não é impossível. Uma longa jornada até calarmos nossa boca, nosso pensamento e
nossa opinião. A velhice proporciona a melhor das opiniões: você fala, ninguém
te escuta. Sei, é sério. Se pegar na realidade, é doloroso. Digo isso como
forma de entendermos que um dia vai parar. Vamos parar de ter certeza que tudo
o que sabemos, é testado e carimbado... Que somos sábios. Aprender, aprender,
aprender e calar.
Isso é o remédio
da alma, dentre outros. Quero chegar nesse nível de não ter tempo para debate,
porque não sei sobre o assunto... Por que eu nunca ouvi falar, sem precisar
mentir. Se não entendeu, vou explicar. São tantas informações que estamos nos
atualizando. Quero chegar nesse nível: sem atualizações, renovações ou ajustes
no sistema. Eu não sei sobre o assunto, porque de verdade, nunca ouvi falar.
Talvez isso será um dos dias mais prazerosos... Em expectativa.