quinta-feira, 18 de junho de 2020

LÁGRIMAS DE CATARINA

Imagem Ilustrativa
Catarina não era minha melhor amiga, nunca foi nada em minha vida. Por isso achei que não haveria problema conversar com seu noivo. Catarina tinha cabelos longos, um corpo de menina ingênua e um sorriso esplêndido. Passava perto e não me dava um oi. Pensei o que havia feito. Nada havia feito. Meninas burras e ingênuas não fazem parte da minha lista de feridas cicatrizadas. Sou aquela que faz ferida no coração e pede desculpas no anseio de cicatriza-la, mas ela pareceu-me diferente. Esse é o meu fascínio. Machuco e logo quero curar. O seu noivo era tipicamente para viver comigo, uma ou duas noites, uma semana no máximo, mais que isso podia torna-se paixão. Queria somente ferir o coração de Catarina, não me pergunte o motivo, és óbvio. Catarina é linda, elegante, simpática, usa as melhores roupas, o seu cabelo ao natural é mais lindo quando o enfeita, estuda, e obedece aos pais. Catarina é uma princesa. É tudo que meu horrendo coração precisa. Ele precisa das lágrimas de Catarina.

O imprevisível é um desafio, o previsível também. Vesti-me exatamente como ela, comportei-me exatamente como ela, sai de casa no mesmo horário que ela  e fui diretamente para o Jardim da ponte dos apaixonados que fica localizado na praça central. Fui sozinha como uma pobre menina ingênua. Queria conquistar Catarina, logo mais o seu verdadeiro amor, e para isso eu precisaria me aproximar. Assim fiz. Observei que o seu noivo ia comprar pipoca, esperei um pouco e logo fui comprar também. Precisava olhar para ele, precisava saber se me olhava também. A pipoca era seu destino, e graças a ele, ao destino, sem querer, esperei ele sair para esbarrar em meu corpo e cair no chão toda pipoca. E funcionou.

Ele olhou, pediu desculpas e comprou outra pipoca. Pedi desculpas já que fui na direção errada e não percebi. Que menina burra sou, disse para ele.

- Não, foi apenas um descuido meu. Mais uma vez me desculpa.

Consegui ser vista. E em minha direção, vinha ela. Passamos a noite inteira juntos. Tornei-me amiga dela. Apresentava desculpas quando era chamada para estudar, dizia que era proibida de escolher roupas já que meus pais escolhiam e suspirava de susto quando ela perguntava onde ficava minha casa.

Suja, desorganizada, e sem educação. Morava sozinha, o atributo de minha vida nem eu sabia. Por um momento tento resgatar se já fui criança e, logo não me vem nada em mente. Sou filha de partículas do ar, criada pelo vento, sou filha de quem quer ser minha mãe, e indivíduo do mundo. Garanto que nome sei escrever, o que ganhei de herança foi a grande capacidade de mudar a realidade, vestir-me e maquiar-me bem. Me deram as condições mais favoráveis para aprender a ser bonita e a sobreviver no mundo. Sei que fui criada por alguém, mas não culto sentimento algum por quem me criou. Comparada a Catarina não sou nada, logo quero ser alguém. A depender de minhas percepções é apenas uma brincadeira, a depender de Catarina, muitas lágrimas.

Logo tive que contar que ocorreu um incidente na semana seguinte que nos conhecemos e desisti. Lembrei que não fiz um plano. Encontrei o noivo dela na feira, me escondi para não me ver. Noutro dia, já estava mais atenta. Educado bem era, não permitiu que eu levasse tantas frutas, essas que minha mãe havia pedido. Logo o pedi para parar um pouco distante da esquina de minha casa, e disse que já era o suficiente, que já estava frente à ela, uma casa totalmente desconhecida. O momento era fundamental e perfeito para as frutas caírem, perfeito para sem querer, lhe dar um beijo. Ele cedeu. O seu corpo estava ardendo em chamas e logo me chamou para sua casa. Disse que não podia ser na minha, em hipótese alguma já que meus pais lá não estavam e seria constrangedor um homem comprometido entrar.

 Vesti as roupas dela, deitei na cama e me entreguei ao meu instinto malvado. Machuquei Catarina sem motivo algum.

Esperei estar grávida para conversar com ela. Chorei contando a Catarina que estava apaixonada, tão loucamente que havia gerado um amor em meu ventre. Estava enlouquecida de tristeza e não podia dizer o nome do rapaz. Tão solidária me abraçou e disse que ficaria comigo, que ele deveria casar.

- Achas que é o certo? Perguntei.

- Se o ama e ele a ama, se casem.

O noivo dela era muito certo, ético, com uma moral bem estruturada. Havia de entrar na casa dos pais dela para contar a verdade, não sabendo Catarina que era eu. Ao sentarmos no sofá, Catarina gritou e correu para o quarto. No momento da conversa, fomos praticamente expulsos e não tive tempo de cicatrizar o coração de Catarina. Ao chorar de culpa nos ombros de Augusto, lembrei de uma das que cuidara de mim durante a vida, a mais boa, a que me deixara a casa.

- Você merece qualquer coisa. O mundo te machucou querida, se quer alguma coisa, vá e consiga, não importa quem você vá ferir. Se quer algo, se sente que algo é para ser seu, assim o faça de tudo para conseguir. Destrua até mesmo um relacionamento para iniciar o seu.

Nos casamos. Quem cuidara de mim na infância, disse que é preciso fazer coisas para sobrevivermos, sem importar com quem vamos machucar. Contei a verdade para Augusto. Disse que meus pais mandavam dinheiro, que eu morava sozinha e que sentia vergonha de contar realmente sobre minha vida. Ainda colada em seu corpo, chorando, pedi para que ficasse na casa de seus pais, lhe contaria tudo, toda a verdade. Meus pais trabalhavam muito para estarem presentes no dia da cerimônia. Fingi envio de cartas, conseguia dinheiro do próprio Augusto e a cada mês ele percebia que meus pais diminuíam o valor. Eu, burra e ingênua menina, chorando no colo de meu amor, enquanto as lágrimas caiam para dentro do meu feliz sorriso.
Soube que Catarina entrou em uma grande e profunda amargura e depressão. 

quarta-feira, 17 de junho de 2020

UM PAPO BREVE SOBRE HIGIENE

Olá, espero que esteja bem

Os temas (alguns) do blog estão sendo enfatizados de maneira muito vaga. O intuito é a produção ingênua sem o devido conhecimento exploratório em fontes de pesquisas e afins, não descartando que sim, isso pode acontecer em postagens futuras.

Tu acha que higiene é um tabu ou é preciso ser debatido? Assuntos como esse são tratados como algo direcionado ao outro e nunca a nós. Pensando nisso, cheiros e pessoas transpiram.

Normal certo? Se tu és um adolescente já responsável, já és de outra geração.

O all-star sempre sujo e a calça sem lavar. Convenhamos que quando adolescentes, precisávamos de ajuda. Haviam pessoas que passavam maquiagem para ir à escola, outras acordavam em cima da hora e não dava tempo tomar banho, eu fazia parte do clube das duas. Acho isso super normal, principalmente na adolescência, por que a mudança hormonal é muito grande. Não sabemos qual o desodorante certo e muito menos o sutiã adequado para nossos seios, para pais ocupados e tímidos o falar sobre o corpo juvenil torna-se mais complicado. Como sei disso? Altos papos com minha mãe.

Tem pessoas que não vão admitir dizer que não tinha uma higiene adequada na adolescência ou apontar para o amigo. A questão é que todos nós estamos na beira de passar por situações desagradáveis. A vergonha precisa ser dita, precisa ser sentida. Isso é uma parte muito importante para o desenvolvimento e, o desconhecimento nos leva a esquecer um absorvente ou não ter um segunda blusa.  

Eu sei o que pode parecer para tu que tem um closet e não falta nada, isso pode parecer um mundo completamente diferente e sombrio. Mas é a realidade. Muitas pessoas trabalham, correm para não atrasar no trabalho... A temperatura também não ajuda. Mas digo que dessas situações desagradáveis, é possível tirar muitas coisas. Sabe a famosa frase “é praticando que aprende?” Então... É preciso passar por situações assim, que estão fora de nosso controle para que possamos falar sobre o assunto. Desde ajudar a organizar uma mala, a colocar o que é necessário numa nécessaire. Esse português viu?


Na descoberta do corpo, as coisas mudam. Criamos mais percepção e ficamos atentos a convivência social e como a parte higiênica e de cuidados é importante até mesmo para uma entrevista de emprego. O importante é que isso é normal, todos nós passamos por isso, por situações desagradáveis. Enfim, faz parte.

 

Obrigada por ler

Beijinhos!

terça-feira, 16 de junho de 2020

A LITERATURA NA MINHA VIDA

Olá, espero que esteja bem...

Meu contato com a literatura brasileira é muito humilde. De alguma forma é um tanto quanto negativo, já que é preciso de alguma maneira conhecer, se não todas, algumas ou a maioria das obras brasileiras importantes. Não sei em tu, mas me bate um desespero pensar organizar minhas leituras de forma obrigatória e linear. Me causa um pouco de inquietação. Não sou do tipo que divulga muitos meus projetos e não acho que ler é um tipo de projeto que alguém ou algo vá prejudicar. Não importa o tempo ou o espaço, a leitura sempre vai ser bem-vinda quando não à desejarmos. Parece que o mundo pode estar acabando, ver um livro é sinal de esperança, que o mundo existiu, que ainda sou gente presente... Que além de eu, outras pessoas existem.

Então, estava eu pensando, nas minhas inquietudes de quase todos os dias, divulgar uma lista de autores que não tenho e que pretender ler. Daqui alguns meses, anos, dias, semanas? Um leitor ausente me dá essa liberdade de não fazer me pressionar ainda mais do que me pressiono para fazer o que é de obrigação minha. Os autores são da literatura clássica brasileira, apesar de alguns portugueses também serem para mim de grande importância, vão estar na lista. Eça de Queiroz... Me encantei com o livro. Você deve pensar que é por conta do romance e, te juro, não é. No momento da leitura, senti tudo tão vivo e sinestésico. A leitura é sinestésica, proporciona esse querer imaginário do sentir as palavras, por isso tantas fotos de pessoas abraçando e levando o livro ao peito. Apesar de ter assistido a adaptação, é completamente diferente. Não julgo dizer que o filme é horrível, é agradável demais. Porém, a leitura me deu muitas palavras, e talvez essa seja a grandiosidade da leitura.

Para quem é novo, digo que eu tenho essa sagacidade de editar o post, ok? Então não, tu não estás cego se ver algo diferente.

Machado de Assis

José de Alencar

Clarice Lispector

Guimarães Rosa

Graciliano Ramos

Os Andrade

Fernando Pessoa, Mia Couto, Ana Miranda...

Entende? Não sou uma pessoa de listas. Não é frustrante. Os clássicos são clássicos, e dizem que é melhor fazer que dizer certo? Mas eu quero dizer, talvez hoje não seja o dia, mas eu mostrei para vocês o papel amassado.

Complicado organizar toda uma leitura assim, expondo. Não significa que vou ler todos e muitos menos na sequência. Isso é o que tem na internet, o que é possível ler. Há livros que são difíceis de achar, de ler... Não disse impossível, disse difícil.

Garanto que já li um de cada autor (mentira), mas a literatura não é ler e virar a página. Até hoje, abro Clarice como se fosse a primeira vez. Parece que tinha perdido a página anterior. Fico devendo esse post.😚

 

Obrigada por ler

Beijinhos!

 

 

DOCE

 Tu mentes como também oculta pensamentos. Estes deveriam ser meus, e compartilhados a mim que por ti estou, mas não há nada que possa fazer...

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