Histórias contadas em primeira
pessoa que não tem um destino certo, muito menos personagens que existem. Vai
partir da minha e da sua astúcia em acreditar na mentira e expor totalmente a
verdade. Aconteceu ou não aconteceu?
2007.
Escola nova. Minha mãe não pensou no meu sofrimento quando decidiu me tirar no
período final. Perdi todos os meus amigos com as piores consequências. Não foi
tão ruim assim, achei que chegaria sozinha, mas por um acaso, uma vizinha bem
próxima estudava lá e me deu todo o apoio. A mãe dela vezes nos dava carona, no
mais, íamos à pé. Divertido até. Durante um percurso, sempre passávamos pela
melhor escola da cidade, os meninos eram descolados e, as meninas pareciam ter
uma vida sexual bem ativa. Quando passávamos, vez e nunca olhávamos para
entrada, e nada demais. Tinha esquecido de todo o sofrimento de ter saído da
antiga escola.
-
Essa escola deve ser muito cara. Disse.
-
Maria, sério? Os pais pagam uma fortuna para essa turma não recompensa-los em
absolutamente nada. Acredite. Somos sortudas. A nossa escola tem um projeto de
bolsa que... nossa! Todo mundo sonha.
-
Isso sem dúvidas... Sonho todos os dias com ela.
Na
volta, como sempre, ou voltávamos juntas ou com nossos amigos de colégio que
moravam por perto. Numa dessas, deixei minha bolsa cair com todas as minhas
coisas. Meus amigos não são ingratos, estávamos nos divertindo na volta e até
eu estava rindo, à-toa, não me importei de não me esperarem e ajudarem. Tentando
organizar as coisas de estudo o mais rápido possível, vi uma sombra, olhei e
avistei a tão temida escola – pelo menos para mim – Quer ajuda?
Não
entendi bem, muitos menos havia enxergado. Há poucos dias tinha sido
diagnosticada com miopia, e o sol não ajudava muito, mas era exatamente isso,
tinha caido frente à escola dos ricos e era fato.
-
Quer ajuda?
Não
o conhecia, mas já tinha visto em alguma revista juvenil na banca do seu João. Improvável
ele estudar aqui na cidade e até mesmo na escola, pensei e logo descartei. Bem,
não sabia se de fato era, mas recusei a ajuda e quis seguir... Se ele não
tivesse puxado mais assunto.
-
Você é daqui?
-
Sim, sou, obrigado pela preocupação com minhas coisas.
-
Tudo bem, não há por que agradecer. São seus amigos lá na frente?
-
Sim, são.
-
Tem certeza que são?
-
Só por que não me ajudaram com as coisas, não significa que não são... Isso é
normal, as coisas caem.
-
Calma! Desculpa.
-
Apenas te respondi... Tenho que ir. Obrigada.
Segui.
O Alex teve a ideia de pagar um sorvete para todos, era sexta-feira, então não
recusamos.
-
Deixei minhas coisas cair.
-
Não perdeu nada não né?
-
Não!
-
É impressão minha ou aquele cara está nos olhando? Ou melhor te olhando. Alex
percebeu.
-
É talvez.... Sorvete de quê? Inteirei outro assunto.
Tudo
normal na volta. Eduarda estava doente, e eu voltei a pé para casa. Não havia problema,
às vezes dava para ler andando, acredite. O sorvete na sexta-feira não caiu bem
para minha colega, e estava eu voltando para casa plena segunda-feira. Iria
fazer minha refeição, tomar um banho, tudo estava planejado... Demorei...
Demorei por que o ajudante estava sem querer, de forma espontânea, debaixo da
árvore. Fui simpática ao responde-lo.
-
Olha, você outra vez.
-
Oi, tudo bem? Pois é, sempre passo por aqui, bem, às vezes.
-
Não tive tempo de perguntar seu nome...Nome?
-
Prazer Maria e o seu?
-
Fernando...
-
Prazer Fernando.
-
Quero te conhecer mais. Não somos do mesmo colégio, mas o vestibular está
chegando, talvez possamos estar na mesma Universidade. Alguns de seus
professores são meus também.
-
Claro... Podemos, mas hoje não posso.
-
Tenho telefone e msn. Fica online?
-
Sim, fico, já que é raro eu sair.
Tá,
eu sei. Me julguem com carinho.
Nós
por muito tempo conversamos por sms e msn, parece que o tempo estava mais curto
perto do grande vestibular chegar. Eu não era estudiosa, mediana, mas tive que
dar o meu melhor.
Só que ele pediu para sair comigo depois do
grande dia, passássemos ou não na prova, para driblar o estresse e ansiedade.
-
Por que não uma balada?
Eu
não era nem estudiosa e nem de festas, mas tive que abrir essa exceção. Meus
amigos foram, lá nos separamos e eu e ele nos encontramos. Foi divertido: dançamos,
brincamos, flertamos e nos beijamos. Um grande beijo com vários outros. No
outro dia, estava sendo bombardeada por uma garota de cabelos longos e escuros
via sms e msn. Eram palavras de baixo nível perto das roupas da Zara que
compunham a princesa que era ela. Foi só então que soube que ele namorava, de
fato era o menino da revista e eu era a outra que havia acabado com o
relacionamento fofo juvenil. No mais, passei no vestibular, e estou feliz...
Obrigada
por perguntar.😊