quarta-feira, 3 de junho de 2020

VOU MUDAR SUA VIDA, MAS ANTES FAÇA ALGUMA COISA

Olá, espero que esteja bem..


Imagem Ilustrativa - Tempos Modernos 1936

Motivação num país desigual é quase milagre. Eu acredito em milagres, acredito também em pessoas que propagam que a culpa de não estarmos no topo da pirâmide da relação de crescimento pessoal e profissional é do indivíduo. Isso ajuda sim, ajuda a acreditarmos numa mentira. Quando acreditamos que a sorte não existe e que o trabalho é o sinônimo de todo esforço para conseguirmos tudo o que quisermos, estamos sim nos enganando, pelo menos nós, que moramos num pais tão desigual. Esse momento é de profunda reflexão principalmente para as pessoas que buscam um sentido, depois de uma grande perca. Acredite, eu já perdi e continuarei perdendo. Nessa busca de sentido, fazemos muitas coisas para preenchermos o vazio, inclusive compramos palavras que prometem um futuro promissor. Antes de pensar no futuro ou mesmo viver o presente, é bom olhar um pouco para trás. Acredito que cada pessoa tem uma trajetória de vida diferente, isso proporciona o alcance da vitória da forma diferente. O futuro promissor, obviamente é a justiça. Deixamos o estado trabalhar por nós, e de alguma maneira não funciona como imaginávamos que deveria funcionar. A justiça não é feita e nossos direitos não são devidamente alcançados. Não há problema depender do rei, problema é o reinado ultrapassar os limites do poder, e transformar a população num saco de estrume sem qualquer importância. Um peso desnecessário para ser levado tão à sério. No momento seja cético ou cética para acreditar em tudo que te promete mudanças de vida repentinas e receitas milagrosas para uma vida milionária.

Um milionário precisa manter o cash, logo, ele vai atrás de pescar pessoas que estão intimamente fragilizadas com uma suposta “vida que não é minha”. Eu entendo que não sou merecedora de tamanho sofrimento e, sei que muitas pessoas não são merecedores de não terem uma casa, mas isso não significa que existe um pó mágico que diz na embalagem “vou mudar sua vida, mas antes disso faça você, alguma coisa”, logo vou comprar, logo minha vida vai mudar. Olha o mundo, olhem as pessoas, olhem vidas lutando e perdendo atrás de justiça. Essa é nossa vida e não há motivos para se comparar com outros se for para se autodestruir. Sou do time que prefere se calar ao falar de planos e projetos pessoais, tão unicamente incapaz de entender, o tipo de pessoa que culpa um sem teto, alguém que não tem onde morar, ser o único causador da pobreza que vive, "pois assim escolheu viver", logo ele e muitos outros que vivem num país que não consegue ao menos, respeitar e dar justiça para própria população.


Obrigada por ler

terça-feira, 2 de junho de 2020

O MUNDO E O CAOS


O mundo está um caos lá fora e daqui a pouco tenho que sair. Como posso dizer que estou feliz com toda essa tragédia acontecendo? Não sei se minhas preocupações aumentaram ou o caos está fazendo eu enxergar o sofrimento de outra forma. Em qual parte eu tenho culpa? Como posso ajudar? A consequência da empatia é a justiça. Por isso é tão difícil ser justo. Abdicar da nossa alegria em prol do sofrimento alheio é uma prova de amor para quem não amamos, para quem nunca vimos, para quem não conhecemos. O mundo está um caos, faço parte dele, mas não tenho poderes suficiente que me protejam de uma enorme e cicatrizante ferida em minha identidade. Pode ser eu um dia, eu sei, mas eu somente sei, nunca passei. Imagino passar, mas não consigo imaginar sentir a dor. Como faço para ser mais justa e menos egoísta? O mundo onde vivo e da qual pertenço está acabando aos poucos e eu não posso fazer nada para salva-lo.... Nada o suficiente que repare anos de lutas, e lágrimas de pessoas inocentes. Eu não sei ser justa, mas sei olhar para o meu sofrimento e questionar sobre o porquê ele existe em mim. Já não há tristeza demais lá fora? É preciso eu ver com os meus próprios olhos o que é, para fazer sentido eu não ficar triste por qualquer coisa? Dentro de mim, um enorme iceberg se desfaz, uma geleira enorme se constrói. Não para de crescer... É grande. Guarda os meus sofrimentos e a educação de ser empática, aprender a ser empática como aprendi a escrever meu próprio nome. Ela não pensa em desaparecer.

Amanhã, depois de amanhã, irei sair e terei que encarar dois monstros: a minha geleira e vários tornados no centro da cidade e em todo o mundo.

Os menos afetados dizem que é obra de Deus, são abençoados por conta da riqueza que têm. Não consigo entender essa justiça divina que os ricos interpretam. Numa sociedade tão desigual em todos os aspectos, a bênção é sinônimo de dinheiro? Os menos afortunados não tem a bênção divina então?

Essa interpretação, talvez seja mais uma mesquinharia da classe mais alta da sociedade. Partilha um pão e fica com a ceia completa, papel o suficiente para fazer outra. Num mundo desigual, o dinheiro reina, decide e julga quem é merecedor de estar vivo ou... Com asas. O mundo está um caos lá fora, e os mais ricos querem dar um diamante em troca de um leito, com o respaldo de serem os escolhidos por Deus para estarem vivos, enquanto outros, nada fizeram para serem pobres.

Amanhã eu terei que sair, estou triste, mas não só isso, preciso nunca esquecer do que estou vendo, vivendo e observando não só eu como as pessoas passarem...

Os meus sonhos estão lá fora, dentro de um tornado qualquer... E o que eu fiz para perde-los se nunca os tive? Nem ao menos pude lutar para conquista-los. Sou divinamente incapaz de ser abençoada? Incapaz de conquistar meus sonhos?

O mundo é seleto, mas eu faço parte dele, logo, eu quero estar na lista de seleção de forma justa.

De fato, o mundo está um caos.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

TUDO EM PRIMEIRA PESSOA: EU NÃO SABIA QUE ELE NAMORAVA

Histórias contadas em primeira pessoa que não tem um destino certo, muito menos personagens que existem. Vai partir da minha e da sua astúcia em acreditar na mentira e expor totalmente a verdade. Aconteceu ou não aconteceu?

 

2007. Escola nova. Minha mãe não pensou no meu sofrimento quando decidiu me tirar no período final. Perdi todos os meus amigos com as piores consequências. Não foi tão ruim assim, achei que chegaria sozinha, mas por um acaso, uma vizinha bem próxima estudava lá e me deu todo o apoio. A mãe dela vezes nos dava carona, no mais, íamos à pé. Divertido até. Durante um percurso, sempre passávamos pela melhor escola da cidade, os meninos eram descolados e, as meninas pareciam ter uma vida sexual bem ativa. Quando passávamos, vez e nunca olhávamos para entrada, e nada demais. Tinha esquecido de todo o sofrimento de ter saído da antiga escola.

- Essa escola deve ser muito cara. Disse.

- Maria, sério? Os pais pagam uma fortuna para essa turma não recompensa-los em absolutamente nada. Acredite. Somos sortudas. A nossa escola tem um projeto de bolsa que... nossa! Todo mundo sonha.

- Isso sem dúvidas... Sonho todos os dias com ela.

Na volta, como sempre, ou voltávamos juntas ou com nossos amigos de colégio que moravam por perto. Numa dessas, deixei minha bolsa cair com todas as minhas coisas. Meus amigos não são ingratos, estávamos nos divertindo na volta e até eu estava rindo, à-toa, não me importei de não me esperarem e ajudarem. Tentando organizar as coisas de estudo o mais rápido possível, vi uma sombra, olhei e avistei a tão temida escola – pelo menos para mim – Quer ajuda?

Não entendi bem, muitos menos havia enxergado. Há poucos dias tinha sido diagnosticada com miopia, e o sol não ajudava muito, mas era exatamente isso, tinha caido frente à escola dos ricos e era fato.

- Quer ajuda?

Não o conhecia, mas já tinha visto em alguma revista juvenil na banca do seu João. Improvável ele estudar aqui na cidade e até mesmo na escola, pensei e logo descartei. Bem, não sabia se de fato era, mas recusei a ajuda e quis seguir... Se ele não tivesse puxado mais assunto.

- Você é daqui?

- Sim, sou, obrigado pela preocupação com minhas coisas.

- Tudo bem, não há por que agradecer. São seus amigos lá na frente?

- Sim, são.

- Tem certeza que são?

- Só por que não me ajudaram com as coisas, não significa que não são... Isso é normal, as coisas caem.

- Calma! Desculpa.  

- Apenas te respondi... Tenho que ir. Obrigada.

Segui. O Alex teve a ideia de pagar um sorvete para todos, era sexta-feira, então não recusamos.

- Deixei minhas coisas cair.

- Não perdeu nada não né?

- Não!

- É impressão minha ou aquele cara está nos olhando? Ou melhor te olhando. Alex percebeu.

- É talvez.... Sorvete de quê? Inteirei outro assunto.

 

Tudo normal na volta. Eduarda estava doente, e eu voltei a pé para casa. Não havia problema, às vezes dava para ler andando, acredite. O sorvete na sexta-feira não caiu bem para minha colega, e estava eu voltando para casa plena segunda-feira. Iria fazer minha refeição, tomar um banho, tudo estava planejado... Demorei... Demorei por que o ajudante estava sem querer, de forma espontânea, debaixo da árvore. Fui simpática ao responde-lo.

- Olha, você outra vez.

- Oi, tudo bem? Pois é, sempre passo por aqui, bem, às vezes.

- Não tive tempo de perguntar seu nome...Nome?

- Prazer Maria e o seu?

- Fernando...

- Prazer Fernando.

- Quero te conhecer mais. Não somos do mesmo colégio, mas o vestibular está chegando, talvez possamos estar na mesma Universidade. Alguns de seus professores são meus também.

- Claro... Podemos, mas hoje não posso.

- Tenho telefone e msn. Fica online?

- Sim, fico, já que é raro eu sair.

Tá, eu sei. Me julguem com carinho.

Nós por muito tempo conversamos por sms e msn, parece que o tempo estava mais curto perto do grande vestibular chegar. Eu não era estudiosa, mediana, mas tive que dar o meu melhor.

 Só que ele pediu para sair comigo depois do grande dia, passássemos ou não na prova, para driblar o estresse e ansiedade.

- Por que não uma balada?

Eu não era nem estudiosa e nem de festas, mas tive que abrir essa exceção. Meus amigos foram, lá nos separamos e eu e ele nos encontramos. Foi divertido: dançamos, brincamos, flertamos e nos beijamos. Um grande beijo com vários outros. No outro dia, estava sendo bombardeada por uma garota de cabelos longos e escuros via sms e msn. Eram palavras de baixo nível perto das roupas da Zara que compunham a princesa que era ela. Foi só então que soube que ele namorava, de fato era o menino da revista e eu era a outra que havia acabado com o relacionamento fofo juvenil. No mais, passei no vestibular, e estou feliz...

Obrigada por perguntar.😊

DOCE

 Tu mentes como também oculta pensamentos. Estes deveriam ser meus, e compartilhados a mim que por ti estou, mas não há nada que possa fazer...

Total de visualizações de página