Sinto.
Sinto que seu tempo está esgotando, que estás perdendo a paciência. Tenho
consciência que não tens obrigação de ficar comigo, porém teu comportamento
mudou. Ultimamente era mais presente, ao lado, é mais frio que uma pedra de
gelo. E olha que ela é mais pequena que você. As noites não são mais as mesmas.
A rotina nos pegou de forma trágica.
-
E se um dia entrarmos na rotina? Tudo vai acabar.
-
Não vai acabar, nunca vai acabar.
Depois
de tanto tempo... É que... Bem, fiz tudo tão perfeito. Me assusta o fato de
todos me elogiarem e invejarem nosso relacionamento. Meu sorriso guarda tantas
mentiras e, o teu olhar. Nossa! O teu olhar para outra é um olhar que nunca vi
ter em minha pessoa. É de se invejar. Talvez as moçoilas estejam encantadas
contigo. Por que eu não? Deus! Deveria estar apaixonada por cada detalhe que
olho em seu corpo, mas nada me convence que este amor vá perdurar.
-
Um instante...
-
Sim.
-
Querida, sabe que uma boa festa sem bebida é uma salada sem comida. Estarei olhando
para ti mais que a bebida que refresca minha angustia.
-
Meu amor não é suficiente para acalmar o que aflige teu peito?
-
Teu amor? O suficiente para me fazer o concubino mais feliz do continente.
-
Então, o que te angustia?
-
Jogatina mi amor, jogatina! – Agarrou-a pela cintura dando-lhe um delicado
beijo. – Os desgraçados me fizeram um vagabundo jogador.
-
Impossível! – Sorrindo levemente. – Vá, vá, me deixe! Há tantas para olhar que
esquecerei tua presença.
E
mesmo com o melhor vestido te abandonar seria impossível. A festa toda, teu
olhar voltava-se para o campo de jogos. Estava cansada de socializar com
raparigas de olho em tu. Por vezes, me tocavam para saber se minha presente
alma, lá estava, porém, somente o meu corpo mendigava conversas. Não parava de
te olhar, procurava alguém que me olhasse, e não havia. Os olhares encantadores
e respeitosos dispensavam qualquer ato de pecado.
O
tempo passa e quando entramos em casa, eu e você somos seres não mágicos. Me
faço ser uma bela dona de casa, para noutro dia sonhar com um tecido que ainda
não existe. Me faço ausente nas noites, finjo dor de cabeça, adormeço, mas
nunca, nunca te desejo, como te desejara na primeira noite. Talvez passe essa
sensação. Naquela noite, cheguei em casa sozinha e tu, não disse nada ao chegar. Disse
que me amava e mais nada.
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