Esteve
no meu peito e demorou para ir. Partiu depois da tempestade e ainda fez morada
com os ombros juvenis. O amor genuíno e mais puro não sabe distinguir o certo e
o errado, apenas sabe sentir que algo está machucando. Essa defesa brusca nos
faz ir embora e retornar logo em seguida com pedidos intensos de desculpas e
lágrimas incontroláveis.
terça-feira, 28 de abril de 2020
sexta-feira, 24 de abril de 2020
O SAPINHO FAMINTO
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Quem é?
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Porta aberta, vou entrar. Eba!
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Quem é?
-
Eu, o sapo.
-
Oh, sapinho como você é fofinho. De onde você é?
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Olha menina, não sei você, mas em minha espécie, desconsidero o inho. Não sou
mocinho.
-
Não te chamei de mocinho e sim de fofinho.
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Não sou sapinho com inho muito menos fofinho. Estou crescendo e quero alimento.
-
Ah, então por isso os voadores pequenininhos sumiram de mansinho.
-
Sim, sim, obrigado. – Disse o Sapinho erguendo os ombros.
-
Oh, não, você... Oh! – Disse assustada.
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Sim, muito apetitoso.
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Que terrível. Devolvam-nos. Agora!
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Não vai abrir minha barriguinha, vai? – Disse o sapinho assustado.
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Oh, não, não! Claro que não!
-
Dizem que faço bem para o ambiente. Isso é verdade? Não responda, pois eu sei.
Eu faço bem e me alimento bem.
-
Me parece que as seis horas você está aqui. Não é?
-
Claro que sim, muitas vezes não está, a porta fica aberta e eu entro.
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Espertinho.
-
Faminto. Estou em fase de crescimento. Esta casa é bem acolhedora.
-
Conhece o tom-tom?
-
Aquele gigante fedido? Sorte dele, pensei antes de jogar o meu veneno quando
ele se aproximou.
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Sim... – Concorda pulando de alegria. – Veneno? – Perguntou assustada.
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Ele me cheira. Um horror! Não cheira bem não e olha que fujo de certos tipos de
água. – Disse se gabando. – Não se preocupe, meu veneno não machuca, mas não é
bom não.
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Oh! Não, o tom-tom é um príncipe deixando-o você ficar. Foi bonzinho em não
tê-lo machucado.
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Sim, sou bom. Bonzinho não! Ah, e eu me deixo mocinha, eu entro e saio mocinha
e você nem sequer me vê-ê, muito menos este fedido ai.
-
Mais que abusado!
-
Abusado não. Faminto.
....
....
quinta-feira, 23 de abril de 2020
É ISSO QUE AMIGAS DE VERDADE FAZEM...
Tudo
começou quando estava triste. Minha mãe estava doente e não conseguia mais
acompanhar as atividades na escola. A doença não era séria, mas precisava de um
mês para se recuperar com medicação. As doses eram fortes, e graças a Deus não
corria risco de vida. Foi quando não esteve lá em nenhum momento. Eu precisava de você e não estava lá. Nem ao
menos ligou, realmente não havia preocupação. Tão infantil tão absolutamente
orgulhosa. O que fez conosco? Por que nos abandonou? Só queria festas, e ter um
bom partido. Quais mentiras inventou? Que sentia inveja de você? Não sabe o
quanto me magoou. Até seus pais te afastavam, mas eu sei de tudo, basta ser
mulher suficiente para contar. Estragou minha vida, destruiu nossa amizade, nos
trocou por amigas com mais status social. Tu não sabe fixar o coração em alguém
Eduarda, abandona as pessoas, como abandona um lixo. Você coloca lixo para fora
ou teus pais fazem isso? O que faz na terapia? Fala a verdade ou conta
fantasias? Já quis conversar? Me viu chorar? Você não ficou, nem ao menos se
esforçou, em tentar ficar perto, foi embora, abandonou e fingiu que os anos que
vivemos nunca aconteceu. É como se fosse um erro do seu passado que queres
apagar, e não, não irá, enquanto não se perdoar e entender que não tenho inveja
de você. Todos a minha volta mudaram. Sentia-me a menina mais terrível do
universo. No momento que expus para você minhas dores e percebi que não acolheu
como uma amiga deveria acolher, fiquei em pedaços. Era como se não existisse mais
nada. Tirando os comentários que traziam para minha pessoa, comentários do
tipo: “Ela me disse que não gosta de tu”. Então, agora gosta, ou encontrou uma
justificativa para me pedir desculpas? É o mínimo. Tu nem sequer teve pretensão
em me conhecer. Chegava na casa de teus pais e tu lá não estava. O recado era
que já tinha ido primeiro com as outras meninas. Ridícula! O mais ridículo
disso tudo, é eu ter ficado esperando um coração mole, que tu não tens. É dura
feito pedra e orgulhosa sem comparações. Acha que é muito responsável e que
evoluiu na vida. Minha vida está suficientemente boa, e infelizmente só
descobri isso, quando soube de fato, quem realmente você era e o que me fez
perder.
Tudo
o que queria dizer naquele dia, não pude, por que as lágrimas não deixavam, e
você, no seu pilar de rainha, não teve a maturidade de sentar e conversar. E eu
te perdoo, e torço por você. É isso que pessoas boas fazem, é isso que amigas
de verdade fazem.
quarta-feira, 22 de abril de 2020
O TEMPO NÃO HÁ DE ESPERAR O TEU DESEJO EM TERMINAR COMIGO
Sinto.
Sinto que seu tempo está esgotando, que estás perdendo a paciência. Tenho
consciência que não tens obrigação de ficar comigo, porém teu comportamento
mudou. Ultimamente era mais presente, ao lado, é mais frio que uma pedra de
gelo. E olha que ela é mais pequena que você. As noites não são mais as mesmas.
A rotina nos pegou de forma trágica.
-
E se um dia entrarmos na rotina? Tudo vai acabar.
-
Não vai acabar, nunca vai acabar.
Depois
de tanto tempo... É que... Bem, fiz tudo tão perfeito. Me assusta o fato de
todos me elogiarem e invejarem nosso relacionamento. Meu sorriso guarda tantas
mentiras e, o teu olhar. Nossa! O teu olhar para outra é um olhar que nunca vi
ter em minha pessoa. É de se invejar. Talvez as moçoilas estejam encantadas
contigo. Por que eu não? Deus! Deveria estar apaixonada por cada detalhe que
olho em seu corpo, mas nada me convence que este amor vá perdurar.
-
Um instante...
-
Sim.
-
Querida, sabe que uma boa festa sem bebida é uma salada sem comida. Estarei olhando
para ti mais que a bebida que refresca minha angustia.
-
Meu amor não é suficiente para acalmar o que aflige teu peito?
-
Teu amor? O suficiente para me fazer o concubino mais feliz do continente.
-
Então, o que te angustia?
-
Jogatina mi amor, jogatina! – Agarrou-a pela cintura dando-lhe um delicado
beijo. – Os desgraçados me fizeram um vagabundo jogador.
-
Impossível! – Sorrindo levemente. – Vá, vá, me deixe! Há tantas para olhar que
esquecerei tua presença.
E
mesmo com o melhor vestido te abandonar seria impossível. A festa toda, teu
olhar voltava-se para o campo de jogos. Estava cansada de socializar com
raparigas de olho em tu. Por vezes, me tocavam para saber se minha presente
alma, lá estava, porém, somente o meu corpo mendigava conversas. Não parava de
te olhar, procurava alguém que me olhasse, e não havia. Os olhares encantadores
e respeitosos dispensavam qualquer ato de pecado.
O
tempo passa e quando entramos em casa, eu e você somos seres não mágicos. Me
faço ser uma bela dona de casa, para noutro dia sonhar com um tecido que ainda
não existe. Me faço ausente nas noites, finjo dor de cabeça, adormeço, mas
nunca, nunca te desejo, como te desejara na primeira noite. Talvez passe essa
sensação. Naquela noite, cheguei em casa sozinha e tu, não disse nada ao chegar. Disse
que me amava e mais nada.
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