Ler é bom quando a mente está livre...E não pergunte sobre essa tal liberdade leituristica.
Fico
horas tentando montar uma história. Começar pela estratégia de pegar pontos invisíveis.
Fizesse eu como Clarice que julgava o quarto de sua empregada, antes mesmo de
abrir - um poço de mofo! Pensara ser um cômodo misere e ao entrar, o quarto era
mais limpo que toda a casa. Ler Clarice foi e é difícil para mim. A juventude
me proporcionou essa garantia. Se leu Felicidade Clandestina, sabe que A Paixão
Segundo G.H, sou eu, com um livro dela, que não me pertence. Não sei realmente
com quantos anos irei devolver, mas não tive sequer influência dessa tal
felicidade.
Eu
fiquei horas tentando montar uma história.
Uma hora perdida... Não te conto que
no meio de todos os meus poucos livros, existem duas histórias sem início e
fim. Isto parte da minha capacidade de unicamente não acreditar que vou
concluir ou sequer iniciar isso. Sei o trabalho que dá, portanto evito ao
máximo pegar estas duas folhas. Falta-me incentivo, óbvio. Querer, todos nós
queremos; queremos fazer, mas não conseguimos por algum motivo: seja
procrastinação ou preguiça.
Nessas
horas que passo com medo de encarar meu destino em branco, fico isolada,
sozinha, buscando uma conclusão, um sentido, um fim.
Todas
as histórias para mim são óbvias. Ultimamente, todos morrem no final ou montam
um plano heroico para fazerem todos acreditarem no fim fatídico. As histórias
precisam ser histórias. Ler é respeitar a ideia central do autor: se morreu,
morreu. Não compete pensar nos sentimentos de quem ler, se gostou ou não. Eis a
história, é essa, ponto! A vida não imita a arte, porém a arte imita a vida, e
na vida, não há espaço para disfarçar uma morte e salvar o herói. Também não
posso dizer que podemos pegar sempre finais infelizes e, ficarmos felizes com
isso.
Um
ponto: Sei pouco sobre todos os assuntos e, muito sobre tudo de forma picotada.
Talvez esse seja o erro: de me encontrar e ser de uma geração dividida entre
sair daqui e ficar aqui. Portanto, falo de Clarice, mas não sou a pessoa mais
culta do mundo. No momento estou em construção, junto com outra pessoa.
Isso,
ninguém sabe o quão complicado é. Decidir ser uma mulher com os poderes da
Barbie... É insano.
-
Acho que não vou conseguir!
É
óbvio. Essa é a sensação de ser tudo, menos o essencial e o fundamental.
Sinto-me com várias mãos, todas fazendo tudo, porém trocando os objetos e os
colocando em lugares errados.
Hei
de sentar um dia e me acalmar. Há quem senta e queira mais adrenalina, mais
trabalho, mais vida, mais movimento intelectual. E eu só me preocupo com o vasto
esquecimento de ler tão pouco e, já sentir nos ombros, a consequência desse
trabalho.
Escuto
também que há quem não aguente mais Clarice. Pois bem... Me incomoda o fato de
expor tamanha grosseria. É que não entendem: não importa se tens doutorado ou
mestrado, sim, serás a pessoa mais incrível do mundo. Porém isto também pode te
tornar um ser totalmente vago, vazio, prepotente, e ignorante, mesmo com todo o
conhecimento que tens ou irá adquirir.
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