Uma menina normal, vivendo a vida sem desespero. Me ocorre de quase perder o que me restou da adolescência. Minhas amigas permanecem, sempre permaneceram. Sempre fui impopular, porque não acreditava na popularidade escolar. Me consideravam neutra. Me afastava de quem não gostava, já que sentia quem não gostava de mim; logo se não me apetecia estar ao lado, também não espalhava má palavras. Não sei como sobrevivi a isso. Não é uma trágica história e, não quero que pense que fui vitima de qualquer coisa. O importante é que eu voltei para você.
Sou
dos bastidores, sempre fui. Quando tinha alguma diversão, estava em casa,
disposta a obedecer as regras dos meus pais. Ninguém nunca entendeu nós dois e
sua paciência comigo. As minhas amigas não conseguiam entender a indiferença na
escola, as paqueras na sexta e os encontros nos finais de semana na minha casa.
“Mas porquê? Não sentes ciúmes?”
Era
o que mais sentia. Te ver com várias me doía o coração. Não sei como você
aparecia na janela do meu quarto, completamente cínico, me chamando para
descer. Meus pais estavam acordados, não quebrávamos regras. Meu ciúmes não
entendia, mas confortava saber que depois de todas as meninas que corriam atrás
dele, no final da semana, estaria lá pra mim. Então bastou isso. Ele fez de mim
sua casa. Me contava os problemas e chorava quando necessário. Era amizade? Eu
não sei, até hoje não sei. Mas era bom, me sentia especial.
O
Problema entre nós dois foi a falta de dizer os sentimentos. Ao contar que estava
namorando e que meus pais já sabiam, não foi um dos melhores retornos. Eu o
havia perdido, definitivamente. Ele não definiu status; o que tínhamos. Não
delimitou o “nós”. Durante esse tempo que passei engolindo outras amizades, me
encontrei com o Arthur. Nos esbarramos no supermercado. Já estava para concluir
o terceiro ano e, ele já havia terminado. Tínhamos uma amiga em comum e, por um
gesto de educação nos falamos e trocamos telefone. O Arthur estava esperando o resultado
do vestibular e eu, bem, procurando ele na sessão de chocolate. Aparecia uma
menina, ele esquecia de mim. Não sei como fui tão madura, dizia: “Vou na
frente, depois nos encontramos.”
A
importância do Arthur na minha vida, entra quando me abre uma janela de confiança
para falar sobre minhas inseguranças e, principalmente sobre minha amizade com
o Gui. Estávamos concluindo o terceiro ano, mas estudávamos em salas
diferentes; o Arthur já tinha terminado. As coisas começaram a mudar quando ele
tirou carta de motorista. Me chamava para ir aos lugares e era muito divertido.
Ele não entendia; saía com o Arthur, mas não com ele?
Eu
não podia, e nem tinha. O Gui estava e era para outras. Já sabia dos encontros
no Cinema, no parque, na praça. Então, como eu saberia que ele queria algo
comigo? Apesar da pouca diferença, o Arthur era mais direto, me passava uma
segurança absurda e me levava para um tipo de lazer que até então desconhecia.
Um beijo, duas semanas já estávamos namorando.
Passamos
2 anos juntos. Em um relacionamento que amadureceu, cresceu e me fez rosa. Caímos
na fraqueza: traição. Eu já havia perdoado, mas foi surreal vê-lo beijar outra num
lugar paradisíaco. Não quis mais conversa, noutro dia tive que suportar até
voltar para casa e não querer vê-lo nunca mais. Esse tempo que passei livre,
não me ausentei dos estudos, estava sempre estudando e me atualizando nos
vestibulares. O Guilherme tinha sumido, desaparecido. Ficou tudo muito estranho
quando ele soube por mim que estava namorando e, mais ainda, o distanciamento
que cresceu entre nós dois.
Não
existe o hoje, porque tenho encontro marcado agora, neste exato momento com o
Gui. Ele me mandou uma mensagem logo que soube do que aconteceu. Vez ou outra, eu
enviava algumas mensagens de “Saudades” ou “Retorna se puder”. Vai existir o
hoje, depois dessa noite.
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