O
Horário estava o mais adequado para um encontro completamente despojado. Pensei
que durante a semana, usando as roupas oficias do trabalho, um belo terremoto
na minha rotina de moda, poderia ser suficiente para aliviar um pouco, aquela
garota presa. E vocês duas estavam tão lindas em seus respectivos mundos com as
portas abertas para eu entrar que não pensei duas vezes, não pedi para entrar.
Fui inconveniente.
Apoiei
minha mão sobre a mesa, já que havia perdido um pouco do assunto e apenas
sorria para as velhas histórias engraçadas sobre nossa infância. Olhar para
bolsa e, abri-la sempre foi um vício para fugir de algo que eu mesma não
conhecia. Mesmo vocês duas me abraçando não me deixando se sentir excluída e
estando um pouco distante, estavam lá e eu sabia que nossa presença estava mais
de que incrível.
Seria
incabível contar sobre a pessoa que me tornei, aquela que jamais iria me tornar
quando debaixo de uma sombra, nas férias do semestre, jamais me tornaria.
Talvez uma frustrada ou obediente? Nenhuma das duas. Apenas vivendo, e tentando
ser feliz.
Todas
com filhos, e família. Sem perfeição. Mais cedo do que imaginávamos quando
decretamos uma lei de casamento e felicidade eterna.
“Concluir
e conhecer todo o mapa mundi, era o nosso principal objetivo, não tinha outros
meninas.”
Gargalhadas
ao barulho de talheres e, xícaras de café faziam a composição de um dia
divertido e produtivo.
“Mais
alguém além de nós três com essas ideias loucas?”
“Não
eram e não são ideias loucas. As pessoas fazem isso hoje em dia, se tornou mais
comum do que pensávamos antes.”
“É..
É, pensar que... Meninas, será que se tivéssemos feito isso, estaríamos satisfeitas
e espalhando para todo mundo, a mudança que é conhecer o mundo?”
“Pode
ter certeza que não! Esse café é mais valioso que qualquer viagem ao redor do
mundo, vai por mim.”
Pensei
que poderia ser um pensamento pequeno e, bem é, se pensar na quantidade de
pessoas que riscam, marcam e objetivam os lugares do mapa. Mas percebendo os
detalhes, faz todo sentido. Que sentido, além da promessa e objetivo compridos,
alguém pode tirar depois de dar uma volta ao mundo? As pessoas hoje em dia não
querem saber para onde você foi, o que você faz, o que compra, como está sua família,
sua saúde, a organização da casa e do emprego, os gastos atrasados. Não! ... A
não ser que você faça isso propositalmente se tornar interessante e colocar um
sentido de valor agregador na vida delas. E uma viagem ao redor do mundo é, a
esperança de muitas pessoas que ficam em seus respectivos empregos monótonos, e
cansativos. Pois então, será que fui influenciada a acreditar que minha vida é
muito ruim?
Como
as coisas mudam não é mesmo? Parece que algo em seu corpo te pede para fazer
algo e quando isso não acontece, o desespero se manifesta de uma forma que não imaginávamos.
Foi
o dia mais incrível e ao mesmo tempo mais triste que já tive em minha vida. Um
pouco de exagero, considerando que o dia foi intenso e quando digo isso,
intenso no sentido de emoções e lembranças.
Não
quando chego em casa e dou de cara com as pessoas mais importantes para mim,
agora, neste momento. Se é importante o que dizem eu não sei, mas ao te pegar
no colo e saber que ao meu lado, encontrei alguém com uma alma incrível, é não
desistir da humanidade. Então, sabendo como as coisas são, aproveita-los e ser
de vocês é meu maior papel hoje em dia. É como se tudo fizesse sentido. Abrir a
porta e te ver quase dormindo assistindo à televisão, me dá uma paz.
Se
eu tivesse feito uma volta ao mundo, vocês estariam aqui?
Eu
não quero saber de ciência, muito menos de comprovação. Quero viver este
momento antes que ele se vá e eu perceba que ele se foi tarde demais. Então,
fecho os olhos agradecendo por ter uma fase de paz.
Se
eu tivesse feito uma volta ao mundo, estaria aqui?
Alguém gostaria de saber realmente como havia
sido minha experiência ou teria que fazer um quarto de recordações - para não
dizer de entulhos – e ser a mulher da Casa Rosa florescente que chamam todos para
viver o que todos eles nunca iriam viver?
Prefiro
pegar você nos braços e, aproveitar que frágil ainda é, para ter essa sensação descritível
subjetivamente. Aproveitar esse momento, essa fase de total ausência sobre a existência,
o sentido da vida e qualquer outra coisa que antes sentia.
Assim
seja, nesse pequeno texto, a calmaria em palavras.
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