Não
me dei conta de que estava vivendo. São tantas coisas pensando e pouco fazendo
que a sensação exata de uma vida já vivida o suficiente, é real demais para
irrealidade que a nossa imaginação e pensamentos criam. Fico assustada –
culpada, confesso! – em relação a esse tipo de “nóia” que paira sobre cabeças
tão jovens. E eu sinto até pena de mim e do grupo que se sente assim também.
Não é mais o hoje, o agora é o amanhã e o depois... o futuro. Isso causa angustia
e ansiedade. Percebe isso ou desconsidera? É como aquele velho ditado: “entre a
cruz e a espada”.
É!
Sinto pena de mim... Que triste. Mas dizem que faz parte, que a vida é isso
mesmo. Que para viver é preciso ter um inimigo, escolher uma espada, ter uma
primeira luta, fazer ameaças e declarar guerra. “Que vença o melhor!”
E
quando é para se dar conta que estamos vivendo? A criação de uma lista de
atividades para o futuro é um absurdo para o pequeno presente. Existe aquela
questão que todos nós conhecemos, o famoso “plante
agora para colher amanhã.” Quanto tempo dura o amanhã? Quantas horas o
amanhã chega? Ele é pontual ou tem habilidades humanísticas de se atrasar?
Só
estou digitando humildemente mesmo. Não é nenhuma reclamação ou algo do tipo. É
engraçado você ter lembranças da infância, ser criança, pedir para crescer e “bum”, aqui estamos.
É!
Estamos.
Na
verdade quero saber o que realmente é importante para se colocar no papel e
valer como comprovante para a certeza de um futuro próximo. É excelente quem
vai e faz, planta e colhe e tudo acontece como deveria acontecer. Isso de vazio
será que real, depois que se conquista tudo? E o que é esse tudo Meu Deus,
afinal?
E
todo mundo pode ter tudo e quando chega lá, diz para o céu e a terra que não
tem nada.
E
a gente fica planejando o amanhã sem
pensar no agora, no hoje. Mais também é de se esperar pegar um papel e jogar
nele tudo o que o pensamento quer liberar. Só não entendo isso de ter tudo e
mesmo assim não ter nada. Realmente não quero saber o verdadeiro alimento para
alma. Aquilo que faz com que cada mansão, terra, conquistas materiais façam
sentido, tenham um significado, que sejam sequelas de um propósito bem sucedido.
Eu
sei que estou sendo dramática demais ao dizer que sinto pena de mim, mas de
maneira fofa. O seu João da padaria não vai reclamar. Ele precisa abrir todos
os dias, tudo tem que estar quente e fresquinho. Os alimentos, no caso. Seu
João precisa trabalhar e para abrir todos os dias, com certeza ama e está confortável
com o que faz. Eu preciso tanto aprender com os tantos “João’s”, “Francisca’s”,
“Chico’s” dessa vida. É que por mais que tenhamos a bússola, um consolo além do
norte, sul, leste, oeste é necessário para guiar além do Horizonte. Entende? O
horizonte é belíssimo, e quem já o conhece, sabe exatamente a sensação de olhar
a primeira vez.
Não
me dei conta que estava vivendo, que o tempo está passando... A gente fica preocupada com tudo que nos
envolve, menos com tudo que nos acolhe. E é difícil perceber, porque já criamos
tantos inimigos, barreiras e situações arriscadas que perdemos realmente a
dimensão da simplicidade que é a vida.
E
eu sei, mas fique à vontade para dizer... Eu sei que a vida não é fácil.
Obrigada
Beijinhos!
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