terça-feira, 23 de janeiro de 2018

HOJE NÃO SEI SE TE AMO POR COMODIDADE OU SE O EU TE AMO É UMA DESCULPA PARA DISFARÇAR O TERRÍVEL MEDO QUE TENHO DE ME DESCOBRIR SOZINHA SEM VOCÊ




Está aqui mesmo ou estou acreditando que está na mesma portaria de meus sonhos? É incrível não ter te encontrado na rua da Dona Célia, aquela que vendia geladinho de vários sabores para as crianças e vizinhos da rua. Bom lucro. Cada um se virava como podia. E não te vi, nunca te vi por ali. Me lembro exatamente de uma garota que usava roupa, era loira e se dizia Barbie. Na verdade os garotos encantados por ela, a chamavam assim e isso era um grande elogio. Seu olhar era esnobe e com ele penetrou o que a Barbie nunca mostrou: seu veneno. Acho que ela é uma referência de perfeição mentirosa. É apenas um brinquedo, algo que não tem como pensar em ser, pelo menos penso assim.
Pois bem, concluindo, essa menina se intitulava a madura. Dizia ela saber de tudo sobre a vida adulta e os problemas que enfrentava. Sentava comigo, e se gabava realmente do que ouvia de seus pais. Mas eu era aquela garota que gostava de laços de cetim no cabelo e pernas cruzadas. Por incrível que pareça, tinha os melhores amigos meninos. Era incrível. Nunca fui de me apresentar na roda de amigos, sempre fui aquela do laço de cetim rosa bebê que sorria nas conversas de amigos em comum e, não deixava cair os livros. Era aquela garota que não sabia o que fazer quando a roda se desfazia enquanto o portão da escola não abria e, o que me restava era colocar um livro na calçada e sentar, esperando dar o horário para entrar e começar o turno. Lembro que me enturmava pouco, pouco sociável, mas que atraia o seu olhar. Por volta dos meus 6 anos de idade, Papai iniciou esse processo de enlaçar o meu cabelo. Era de um rapidez absurda, já que mamãe, fazia outras atividades. Uma delas era cuidar de quem ficava doente. Se tornou rotina, Papai me pegar na escola, aprimorei o laço no cabelo e o deixei fazer parte de mim. Em uma passeio de família, foi comprado e oferecido fitas do senhor do Bonfim. Com três nós bem dados, você fecha os olhos e faz  pedido. O correto é ficar com ela até ela se destruir por inteira, no fim, seus desejos foram realizados por ele. Me lembro bem de ter levado a fita, mas não a usei. O sol era forte e outras prioridades ficavam em primeira quando o quesito era calor. Tirávamos fotos típicas de família e depois reservávamos.
Pouco sociável, eu sei, até você não querer olhar para mim. Era estranho atravessar teu olhar quando poucos anos atrás éramos crianças e não pensávamos um no outro. Para fechar o ano escolar, era necessário apresentar projetos bem simples para ganhar nota e claro, se divertir para unir as famílias. Uma menina me puxou, e me entregou um bilhete dizendo que era para encontrar debaixo da árvore com luzes de natal. A referência era a menina com laço de cetim na cabeça.
Você sente falta disso, e doeu me ver tirar o item que te atraiu. Te atraiu mais que o meu corpo.Depois até te estranhei. Não era como antes. Usava a fita de cetim e Papai adorava. Foi obra dele.
Então crescemos, ela teria que sair de uma forma ou de outra. Colocava em momentos especiais quando estávamos juntos, em momento de descontração, areia no pé, maresia...
Não crescemos juntos pelos términos. Choros, pedido de desculpas e a sua traição comigo. Te ver beijar outra garota me deixou um belo tempo usando laço de cetim preto. O que é passado e eu perdoei. Não sei como...
Hoje não sei se te amo por comodidade ou se o eu te amo é uma bela desculpa, para disfarçar o terrível medo que tenho de me descobrir sozinha sem você.
A garota do cetim cresceu, o casal exemplo também, ambos para seus lados, porém nunca distantes um do outro.
Lembro que um dia você tocou em meu ombro e, a partir daí, tudo começou.

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DOCE

 Tu mentes como também oculta pensamentos. Estes deveriam ser meus, e compartilhados a mim que por ti estou, mas não há nada que possa fazer...

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