ANDAMOS EM CORDA BAMBA

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Ele ainda não sabe que meu olhar diz muita coisa quando estou em silêncio.

Temos medo de sermos abandonadas, trocadas por outras e comparadas. As pessoas fazem isso.

Bem! Aquelas que não tem o que fazer!

Você acha que estou sendo grossa? Acho que não percebe sua atitude ao tentar domar a vida de outra pessoa. 

O amor não é mais moda, não existe mais isso de felizes para sempre. Escolhemos e nós nos seguramos até um certo momento de nossas vidas. Não podíamos mais fingir que estávamos completos um com o outro. Faltava alguma coisa que não mais existia em nós alguns anos atrás... Anos.

Então, o que vamos fazer? Seguir adiante ou segurar a linha tênue que nos sustenta com cuidado?

Você sabe que isso é andar em uma corda bamba. Você de tênis e eu de sandália. Isso dificulta um pouco as coisas. Não existe o chão quando as duas pontas da corda estão presas em algum prego forte entre uma montanha e outra.

É mais difícil terminar o que foi consertado ou falir o relacionamento como uma empresa?

Ah, é fácil!

Qualquer um que apareça com características que falta no outro, nos desperta interesse. Isso é assustador. Como isso é possível?

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Romeu morreu por Julieta e, ninguém surgiu com isso de personalidade e características.

Alguém pode ter uma conversa bem franca com Shakespeare?

Depende de mim, de você e de algumas circunstâncias que não temos culpa.

Nosso apartamento foi feito exclusivamente para nós dois. Vida simples, sem muitas regalias extras... Por enquanto. Até então é suficiente.

Nós seguramos nossas mãos e apertamos bem para passarmos um sinal de estar sempre, não importa quem vá despertar algo.

Quando isso acontece, eu e você pensamos um no outro. Isso é pecado? Pensar em outra pessoa quando você já tem uma? Aquela que você jurou amor eterno?

Então, tentamos nos entender para não enlouquecer. Pensar quem entra na nossa vida não é a solução.

A vida pode correr normal. É que pensar em nos abandonar some quando olhamos para tudo que construímos, estamos construindo e podemos construir.

Ligações anônimas, e-mails suspeitos...

Desculpe se está cordial demais ou casual demais as respostas. Pode ter sido ele ou eu.

E fica difícil nos manter. Nós conversamos como é amar outra pessoa estando juntos. “Você já pensou viver sem mim depois de tudo?”

As respostas são as mesmas. A sala fica em silêncio absurdo.

Na brincadeira da garrafa de duas pessoas, pode quase tudo, menos o interior.

 Um precisa estar preparado para não se tornar amigo do outro.

Colocamos um disco, brigamos, sorrimos e continuamos nossas vidas até onde nossos sonhos podem nos levar... Ao céu ou ao precipício.

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