Casal
perfeito por que eram completude. Básico, nada demais. Amadureceram juntos. Nas
questões mais ímpares, traçavam alguma forma de melhorar sem ofender. Portas a
bater, alterações de voz, mas nada suficientemente cheio de furor para ambos se
despedirem um do outro. E a vontade era essa, não existia outra igual. Quando
as coisas apertavam, um ano era suficiente para se organizarem, ambos, nos seus
respectivos empregos. Sem roupas, repetir, até que tudo volte ao normal.
Diminuir a quantidade de alimentos desnecessários e comer o fundamental, até
tudo voltar ao normal. E voltava. Decidiam se ficavam em casa ou viajavam para
um lugar próximo. E a viagem era boa antes de voltarem a fazer os velhos afazeres.
Eles
dois?
Eles
dois eram dois insuportáveis, iguais em alguns pensamentos, principalmente nisso
de completude... Nisso de que o amor é básico, simples, nada demais. Frio na
barriga para quê? Quando a conta de luz está atrasada e algum dos dois vai ter
que olhar no tempo, dia e hora, se está adequado para levar falta e bronca do chefe.
Isso era o mínimo pelo menos, por isso não haviam desculpas, muito menos
brigas. Agradecimentos nestes momentos de realidade doméstica eram fundamentais
para tudo andar, e fluir normalmente.
Melhor
de que passar um ano sem comprar roupas de etiqueta conhecida, era festa em um
sábado no bar ao redor de amigos e, rir sobre piadas sem sentidos, filhos que
não existiam e brigas sobre a política brasileira.
O
mundo para os homens é o alvo para mesas de bares e cervejas serem ameaças de
serem levadas ao ar, claro, com muito entusiasmo, abraços e pedidos de perdão
com lágrima de alguém devidamente bêbado.
Mulheres
riam ou se desesperavam ao verem seus partidos enfrentando homens maiores que
eles.
Não
era esse tipo de casal que você está pensando, básico, simples demais. Eles
eram completude até se separarem. Na adolescência, deixar ir era frase com
significado das borboletas, depois dos vinte, a coisa é mais séria. Parece
monte de papel de escritório que precisa e deve ser resolvido em uma semana.
Depois
dos vinte, não pode haver desculpa quando se conhece os pais, os primos, a família,
parentes de primeiro e segundo grau. Depois dos vinte, até mesmo para brigar
tem que ter consenso. Pensares... Muito pensar. Porque depois da briga, alguém
tem que sair e bater à porta e outro tem que ficar, esperando a volta.
Não
sei o que seria pior, virar mendigo ou alguém vazio.
Então,
eles brigavam normal. Com gritos sobre a roupa, pagamentos...
E
risos, muitos risos, vários risos a noite ou em qualquer momento que os
deixassem longe o suficiente de histórias e acontecimentos parecidos. É!
Parecia namoro. Inicio de paixão. Sem borboletas ou nervosismo. O desespero era
outro, antes fosse de iniciar amar. A loucura é deixar de amar e ouvir um
abandonar... ar, ar. Com eco de caverna dentro do coração.
Eram
muitos risos. Mãos dadas e planos que não era planejados, porque sendo
completude já sabia a falta e o transbordo do outro.
Eles
eram inteiros. Mesmo com amigos e alguns de seus ciclos sociais diferentes,
nunca era a mesma coisa. O alivio era saber que vagando a pé ou no ônibus as
doze horas depois de jantar, a porta estaria lá, a luz estaria lá, a cama
estaria lá, a toalha estaria lá. Então eles se tornaram completude mesmo, sendo
individuais. E foi simples, foi básico ser um para o outro.
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